domingo, 4 de dezembro de 2011

Tecnólogos de construção civil... você fez a escolha certa...

Com formação acadêmica mais curta, tecnólogos encontram boas oportunidades na construção, assumindo parte das responsabilidades atribuídas aos engenheiros civis.Continue lendo....


Por Juliana Nakamura


Embora a graduação em tecnologia de construção civil tenha sido criada no Brasil há mais de 30 anos, ainda há muita confusão quando se fala na função de tecnólogo. Não são raras as vezes em que esse profissional, com formação de nível superior, é confundido com o técnico em edificações, que tem formação de nível médio. Outro equívoco comum é achar que o tecnólogo - cuja graduação costuma ter carga horária em torno de 2.500 horas, cursadas em dois ou três anos - pode substituir o engenheiro civil em suas atribuições, mas com salário menor. Embora possa obter registro no Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e tenha condições de realizar algumas atividades inerentes aos engenheiros, os tecnólogos não podem, por exemplo, assinar e assumir a responsabilidade técnica por projetos. Mas isso não significa que não possam ser úteis ao setor produtivo, ainda mais em um contexto de reaquecimento econômico e de escassez de recursos humanos capacitados para atender todos os postos de trabalho que devem ser abertos nos próximos anos. De acordo com o Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), os tecnólogos podem atuar na área de orçamentos, executar desenhos técnicos, avaliar fornecedores, empreiteiros e funcionários e, sob supervisão e direção de engenheiros, podem fiscalizar obras e serviços técnicos."O tecnólogo em edifícios está habilitado para elaborar memoriais descritivos, especificar materiais, realizar controle da qualidade e gerenciar equipes, bem como realizar análises econômico-financeiras de alternativas e estudos de viabilidade de empreendimentos", complementa a professora Elizabeth Neves Cardoso, chefe do departamento de edifícios da Fatec-SP (Faculdade de Tecnologia de São Paulo). A instituição, que pertence ao governo do Estado de São Paulo, foi a responsável pelas primeiras experiências de cursos superiores de tecnologia no início dos anos 1970. Naquela época, via-se na graduação curta uma forma de ajudar a suprir rapidamente a enorme demanda por profissionais criada por programas de habitações populares. Depois disso, as oportunidades para os tecnólogos sofreram uma queda nos anos 80, quando a crise econômica atingiu o setor. O mesmo aconteceu no início dos anos 2000. "Mas nos últimos dois anos, a procura por esses profissionais só fez crescer", afirma Elizabeth Cardoso. Para comprovar sua tese, a professora revela que 94% dos alunos formados pela Fatec estão empregados, segundo pesquisa realizada pelo Sistema de Avaliação Interna do Centro Paula Souza. Outro dado considerável vem da central de estágios mantida pela faculdade, onde mensalmente são realizadas 24 contratações de estágio para o tecnólogo em edifícios, em média.
As áreas que mais se destacam na procura por tecnólogos em construção civil são as de planejamento, orçamento e acompanhamento de obras, bem como de projetos. Mas para ser bem-sucedido nessas atividades, o profissional deve, antes de tudo, apresentar afinidade com as áreas de ciências exatas e humanas. Afinal, seja nos canteiros ou em escritórios, o trabalho requer capacidade de liderança e iniciativa para o trabalho em cooperação.
Os contratantes também esperam encontrar nos tecnólogos habilidades de administração de obras, realização de controle da qualidade e capacitação para análise econômico-financeira de empreendimentos, além de conhecimento sobre processos construtivos da obra e leitura e identificação de projetos. "É importante também saber executar desenho técnico, inclusive com o auxílio de CAD, e dimensionar sistemas como ar-condicionado, elevadores, peças de madeira e metálicas", menciona Elizabeth Cardoso.
Manter-se atualizado em relação a tecnologias construtivas, seja por meio de cursos complementares, participação em congressos e leitura de publicações especializadas, é igualmente importante. Mas embora possam dar continuidade aos seus estudos cursando a pós-graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado) e lato sensu (Especialização), os tecnólogos normalmente complementam sua formação com a graduação em engenharia. Isso porque, uma vez tecnólogo, em apenas três anos é possível obter o diploma de engenheiro.
Foi o que aconteceu com Anderson Carrilho, engenheiro de vendas da Locguel. Ele conta que iniciou sua carreira como técnico em edificações e que viu na faculdade tecnológica uma oportunidade de, em apenas três anos, obter um diploma de nível superior e incrementar seu salário. Só que depois de formado, ele resolveu se tornar engenheiro incentivado pelo fato de já ter cursado muitas das disciplinas do curso. Hoje, Carrilho trabalha com análise de projetos e dimensionamento de escoramento metálico para estruturas de concreto. Segundo ele, seja como engenheiro ou como tecnólogo, o mercado de trabalho é muito promissor, sobretudo por causa do déficit habitacional, das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e das obras de infraestrutura motivadas pela Copa do Mundo de 2014 e pelas Olimpíadas de 2016.

Divulgação: Grupo Thá
Paola Carolini Barbosa, tecnóloga em construção civil da Thá Engenharia
O profissional
O que a levou a escolher essa profissão?
Eu estava perto de concluir o curso técnico em edificações quando a escola onde eu estudava, Cefet-PR, hoje Universidade Tecnológica Federal do Paraná, abriu as primeiras turmas da graduação de Tecnologia em Construção Civil. Procurei conhecer o currículo e me interessei quando descobri que teria muitas matérias técnicas e que poderia fazer o curso somente à noite. Fiz o vestibular acreditando que seria a melhor opção para mim e, hoje, sei que acertei.
Como tem sido sua carreira desde então?
Após seis meses cursados, fui chamada para estagiar na Thá, onde estou até hoje. Foram dois anos de estágio como tecnóloga e mais dois anos registrada como técnica em edificações. Depois que me formei, fui contratada como tecnóloga em construção civil, função que ocupo desde 2007, e na qual tenho a oportunidade de acompanhar as obras, o que é muito interessante.
Que habilidades são requeridas de um tecnólogo?
São muito semelhantes às de um engenheiro civil. Precisamos ter conhecimentos gerais e específicos de construção civil, gerenciamento de obra, gestão financeira e administrativa.
O que você mais aprecia em sua profissão?
É difícil falar, porque amo o que faço. Mas se tivesse que destacar uma única coisa, seria o conhecimento adquirido a cada dia. Nessa área estamos constantemente aprendendo.

Currículo
Formação: Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios.
Atribuições: o tecnólogo pode gerenciar, planejar e executar obras de edifícios, acompanhando e fiscalizando o desenvolvimento de todas as etapas desse processo, incluindo cronogramas físico-financeiros. Atua também na restauração e manutenção de edificações; comercialização e logística de materiais de construção.
Aptidões: o tecnólogo precisa ser um bom planejador e administrador de obras, ter conhecimento sobre orçamentos, execução de memoriais, especificações técnicas e controle de qualidade. Também deve ser capaz de executar desenho técnico em softwares.
Oportunidades de trabalho: em construtoras, escritórios de projetos, consultoria e planejamento, em empresas fornecedoras de sistemas construtivos, institutos e empresas públicas ou privadas e, finalmente, como profissional liberal autônomo.
Remuneração: o Sindicato dos Tecnólogos indica piso salarial de 7,5 salários mínimos, ou seja, R$ 3.487,50. Já o Confea determina piso de cinco salários mínimos para jornada de até seis horas (R$ 2.325,00).
 

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